Vou compartilhar aqui curiosidades e detalhes científicos {também detalhes mais leves} além das minhas vivências clínicas e pessoais com este grão tão apreciado no mundo todo.
Amante da nutrigenômica que sou, escolhi começar exatamente por essa parte.. contar como a avaliação do perfil genético em relação à metabolização da cafeína, é bastante relevante na proposição das minhas estratégias para o acompanhamento Funcional & Ortomolecular nos diferentes objetivos terapêuticos.
Algumas pessoas apresentam polimorfismos {alteração no ordenamento} no gene CYP1A2, que é responsável por 95% do metabolismo da cafeína. Até aqui, nenhuma novidade.. muito hoje já se fala sobre essa ´classificação dos indivíduos em metabolizadores lentos ou metabolizadores rápidos para a cafeína.
A novidade é que eu ´outlier que sou, trabalho minuciosamente em cada classe nutrigenética dessas, modulando os receptores de adenosina.
No Sistema Nervoso Central existem receptores de adenosina, um neurotransmissor que dentre outras funções, deprime a atividade do nó sinusal {o marca passo natural do coração} Quando as moléculas de adenosina se ligam aos receptores, elas entram em efetiva ação e há uma depressão na atividade neurocognitiva, bem como a redução da atividade motora, diminuição da frequência respiratória e tudo o mais que contribui para aquela nossa sensção de cansaço, letargia, apatia. A ação original da adenosina é de informar ao cérebro que o organismo precisa descansar.. poupar energia!
Acontece que quando bebemos café ou usamos suplementos à base de cafeína, os receptores de adenosina são ocupados justamente por estas moléculas, inibindo assim a ligação da adenosina. Temos agora, um ´mundo de adenosina LIVRE no Sistema Nervoso Central; ela fica livre e acumulada!
Bem, quando a cafeína cumpre a sua função estimulante {num diferente ´time para cada pessoa} e libera os receptores de adenosina, ocorre uma `superlotação nesses locais e a ligação do neurotransmissor em seus receptores se dá de uma só vez; ou seja, o processo é intenso e não gradual.. sem respeitar a fisiologia original.. ocorre então o ´caffeine crash que traz em si um bom grau de ansiedade, irritabilidade, dor de cabeça, dificuldade de concentração e pasmem, o ´craving.. aquela fissura por doces.
Para lidar com todo este processo eu modulo a AMPK {AMP activated protein kinase} que é um crucial sensor energético intracelular; orquestro as vitaminas do complexo B {em especial a B6, que é limitante na produção de alguns neurotransmissores como serotonina, GABA, noradrenalina e melatonina} trabalho vivamente com adaptógenos, além de BIO.ativos como o gengibre tailandês, transresveratrol e PQQ; adequo os níveis de dopamina no córtex cerebral atraves da L – Tirosina, ácido rosmarínico, holy basil, oeluropeína, dentre outros. Uso sempre os psicoativos NADH, NAD+, niagen e huperzine que são capazes de aumentar fisiologicamente os níveis de energia celular, aprimorando a memória de longo prazo por manter os níveis de glutationa sempre otimizados. Em algns casos, prescrevo o fisetin, um BIO.flavonóide senolítico, que protege as células nervosas do stress oxidativo ao mesmo tempo em que estimula o reparo neuronal.
Trabalhando em diferentes sistemas de neurotransmissão, especialmente no gabaérgico e dopaminérgico, de forma alostérica ou sinergicamente; eu consigo prolongar ou reduzir o efeito estimulador e orquestrar a agitação mental, estabilizando e harmoizando as vias cerebrais.
E logicamente, eu calculo a ingestão diária de cafeína. Meu cálculo está intimamente realcionado aos polimorfismos genéticos e também, ainda que parcimonialmente, ao percentual de hidratação celular. Vou deixar aqui os exemplos básicos, porque ainda que eu seja absolutamente fiel à minha prescrição magistral {totalmente individualizada} sei bem como vocês são curiosos.
Aos ´Metabolizadores Lentos {presença do alelo variante C} eu oriento o consumo de no máximo 100mg de cafeína por dia; o equivalente a 2 xícaras pequenas de café coado ou 3 do expresso; 2 ´tea bags de chá preto ou 4 de chá verde; até 60g de chocolate meio amargo ou 40g de chocolate 100%
Já aos ´Metabolizadores Rápidos dou o Ok para até 6mg de cafeína por quilo de peso corporal ao dia; nunca ultrapassando 420mg
Vale lembrar que o teor de cafeína difere nas culturas do arábica {cerca de 1,2% da composição química do grão é de cafeína; o arábica laurina é o que possui menor teor de cafeína, de forma NATURAL} e robusta {quase 2,5% da composição química do grão é de cafeína} Para o cacau, a cafeína presente, flutua de acordo com o tipo de amêndoa e o grau de fermentação. Ah, o ´cold brew {aquele café extraído à frio que gosto muuuuiiiito inclusive} tem maior teor de cafeína em relação a todos os outros tipos de extração, pois a cafeína é hidrossolúvel e ele fica um bom tempo em contato com a água, em gotejamento {muitas vezes, por horas}
Sobre o CAFÉ COM NATA, a minha paixão..
Por dois motivos: primeiro porque é saborosíssimo e segundo porque me ajuda muito, muito mesmo, quando estou no consultório sem tempo para me dedicar às minhas pequenas refeições {sim, isso por vezes acontece mesmo eu sendo organizadinha} Ele tem uma cremosidade incrível e traz uma enorme saciedade; me mantendo ativa e focada por longas horas. É uma boa opção nootrópica e o melhor.. não ativa a insulina!
Faço assim: coloco 1 colher de sopa da nata no fundo da xícara, salpico canela, escolho uma cápsula que combine com o meu #mood do dia e voilà
Como a ´nespresso do consultório de Icaraí é a ´vertuo {que tem algumas possibilidades de altura para xícara} gosto de deixar o mais distante, justamente para ficar bem cremoso!
Para essa quantidade de nata costumo usar a cápsula de 80ml mas também fica bom com a de 150ml.
Os cafés com corpo denso e notas de madeira e especiarias são os meus preferidos; ou o licoroso, com notas de frutas vermelhas. O ´bianco forte é um blend com notas de cereais torrados pensado para se usar com leite então também fica muito bom aqui.
PS.: É super possível preparar o café com nata em casa, sem a ´nespresso, deixando ele cremoso com auxílio de um mini mixer; simples assim!
Sobre o CAFÉ COM TODO O SEU AROMA E SABOR..
Para um café bem fresco e justamente por isso, concentrando as melhores propriedades antioxidantes, escolho sempre grãos orgânicos de torra clara e faço a moagem em casa. Faço no clássico que herdei da minha avó francesa, mas se fosse comprar hoje um moedor, certamente seria de cerâmica ou vidro, para manter a pureza da bebida final. Já me peguei usando como SOS, o liquidificador no modo ´pulse, funciona bem também; guardem essa dica!
Depois dele coado, o café vai puro, puro mesmo, para a xícara; apenas dessa forma conseguimos degustar o café; tudo diferente disso é distração com o sabor doce do açúcar ou adoçante.
Quem de fato aprecia café, usa ele PURO e é realmente capaz de perceber as nuances de aroma, corpo, sabor; entender a diferença entre um BOM café e aquele mais ou menos; pode dinstinguir até as fazendas de origem!
Degustar café é isso.. usar a bebida como algo que encerra uma boa refeição ou como uma pausa relaxante no dia e não simplesmente algo que se faz tão no automatismo. É um consumo consciente do café e não um vício.
Para quem está acostumado a adoçar o café desde sempre, vale o desafio de beber o CAFÉ AMARGO por 5 dias; precisa ser por 5 dias consecutivos e não vale beber menos que o usual só para fugir do gosto diferentão não. Nosso paladar é totalmente adaptável e por isso mesmo eu garanto que já é possível curtir este novo hábito já no quarto dia {desde que a vontade de vencer o desafio seja genuína} Temos receptores na língua para quatro sabores, mas por algum motivo exploramos apenas dois; o doce e o salgado; o que nos leva a adoçar ou salgar praticamente tudo. Um desperdício! Se o paladar pode ser um emaranhando de sensações com oportunidades para a diversidade, por que não usar?
Quem prefere o ´decaf. ou precisa recorrer à ele {para evitar a cascata da ansiedade por exemplo} tem que ter em mente que o melhor método para a extração da cafeína é o ´swiss water, pois não utiliza qualquer solvente químico. Os grãos são enviados à província de Brtish Columbia, no Canadá, onde se extrai 99,9% da cafeína por osmose; mantendo a integridade dos antioxidantes e dos elementos responsáveis pelo sabor e aroma. Algumas empresas nacionais como a Suplicy, Astro e Fazenda Santo Antônio do Amparo {Mokaclube} despertaram para este detalhe e já disponibilizam o bom ´decaf.
É isso!
Que possamos usar melhor o café, com seus infindáveis flavonóides de ações neuroprotetoras e antioxidantes.. como um nootrópico natural {substância que aumenta o desempenho cognitivo} como um bom otimizador da nossa grande molécula da motivação {a dopamina} nos ajudando a promover aquela efetiva e duradoura sensação de revigorameto, alerta e clareza mental.
Que possamos usar melhor o café, na social ou nos momentos mais reservados de uma boa leitura ou de uma boa prática contemplativa.
Que possamos ritualizar com o café também.. por quê não?
Linda pesquisa! Ótima matéria! Amo café, vc sabe, né? E adotando suas dicas como alternar o café tradicional com o decaf. Vou até apreciar um cafezinho agora 😍
Adorei saber desses detalhes sobre o café.