Ozonioterapia

 

“Ozônio é a maior descoberta da química moderna” _Enrico Fermi, Nobel de Física, 1938.

O ozônio {O3} é um gás constituído por três átomos de oxigênio e sua produção natural ocorre na estratosfera… após a ação de raios solares ultravioletas sobre as moléculas de oxigênio {O2} separando os dois átomos que, ao serem associados individualmente a outras moléculas de O2 produzem o ozônio. Em sua forma natural, o ozônio tem cor azulada, cheiro bem característico e é altamente tóxico para qualquer ser vivo. Por isso, a conhecida “camada de ozônio” é tão importante na proteção do planeta.

O Ozônio Medicinal {Oz.M} difere bastante do natural, sendo obtido a partir de uma combinação sinérgica entre oxigênio e ozônio, em concentrações e doses exatas, com ação multifocal sistêmica. Ele pode ser considerado uma biomolécula já que é produzido naturalmente no organismo pelo processo de ativação de anticorpos. O ozônio, em relação ao oxigênio, é cerca de dez vezes mais solúvel, com maior capacidade para se difundir e penetrar nos tecidos, assim como para se dissolver no plasma sanguíneo e nos fluidos extracelulares. Entretanto, o ozônio não permanece estável nesses meios líquidos, por ser um potente oxidante, reagindo imediatamente com moléculas antioxidantes ali presentes. Assim, o Oz.M induz ao stress oxidativo imediato, com consequente resposta ANTI OXIDANTE. Essa resposta repercute no descarte de células antigas, a renovação tecidual, a modulação imunológica e o efeito regenerador de vias sistêmicas. Além disso, ele é capaz de adequar a cascata inflamatória, liberar fatores de crescimento e otimizar a fluidez linfática. Ainda, o Oz.M apresenta ação direta bactericida, fungicida e virustática visto que tais microrganismos não possuem um sistema de tamponamento antioxidante e o stress causado pelo ozônio os torna bem frágeis, sendo facilmente eliminados pelas células de defesa.

Apesar de haver associações de ozonioterapia desde 1972 em países como a Alemanha, Rússia, China, Itália, Cuba, Espanha, França, Grécia e Portugal, ainda não é um assunto muito difundido aqui no país. Os melhores casos clínicos, com Medicina Baseada em Evidência vem do Hospital das Clínicas em São Paulo, onde a terapia se iniciou no Brasil. O Oz.M hoje, é amplamente utilizado ao redor do mundo; além dos países acima citados, é um método reconhecido pelos sistemas de saúde da Suíça, Áustria, Ucrânia, Israel e Egito e também em 13 estados dos EUA: Arkansas, Califórnia, Colorado, Geórgia, Minnesota, Nevada, New México, New York, North Carolina, Oklahoma, Ohio, Texas e Washington.

No Brasil, a Ozonioterapia passou a integrar o rol de atividades da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC em março de 2018 para cuidados transversais; podendo ser realizada na atenção básica, bem como na média e alta complexidade.

As aplicações de Ozonioterapia são determinadas por suas propriedades antiinflamatórias, antissépticas, modulação do stresse oxidativo, melhora da circulação periférica e oxigenação; portanto, podem ser tratadas pelo Oz.M as mais diversas alterações fisiológicas e metabólicas, dentre as quais:

⇒ Esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson – reduzindo a deposição de metais tóxicos, placas amilóides e proteínas inflamatórias em diversas regiões cerebrais, retardando assim a perda da função cognitiva.

⇒ Desequilíbrios neurológicos – promovendo a neuroplasticidade e a recaptação de alguns neurotransmissores na fenda sináptica; além de modular canais gabaérgicos.

⇒ Câncer – em concentrações exatas, o Oz.M estimula a síntese de interferon, proteína que suprime a replicação de células tumorais e potencializa a ação de células de defesa.

⇒ Autoimunidade, que de acordo com o órgão de choque se manifesta sob a forma de psoríase, lúpus, doença celíaca, vitiligo, artrite reumatoide e hepatite auto imune.

⇒ Prostatite – o óleo ozonizado junto a bioativos de ação benéfica à saúde da próstata como licopeno, pectasol e fitosterois, pode antagonizar o DHT (di-hidrotestosterona), reduzir a inflamação e controlar a hiperplasia.

⇒ Candidíase e vaginite – por meio da aplicação de óvulos vaginais com potencial anti fúngico e bactericida.

⇒ Imunossupressão – através do Oz.M as células imunológicas sintetizam importantes citocinas, incluindo mediadores como interferons e interleucinas, que sinalizam a condição orgânica em detalhes para outras células, ativando a cascata imunológica e resgatando a homeostase.

⇒ Colite, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e diverticulite – nesses casos o tratamento se faz via insuflação retal {gás} e/ ou supositório {óleo ionizado} e os benefícios dos mesmos podem ser potencializados por prévio enema de café.

⇒ Derrames cerebrais isquêmicos – já que o Oz.M aumenta a capacidade de transporte de oxigênio pelos glóbulos vermelhos e incita a revascularização.

⇒ Dores e inflamações crônicas – através de ação direta nos receptores da dor.

⇒ Hérnias, protusão discal e lombalgia – por atuar de forma positiva tanto nos nociceptores quanto na redução do processo inflamatório, contribuindo com a melhora metabólica dos tecidos periféricos e descompressão dos nervos.

⇒ Feridas e queimaduras – a ozonioterapia, em aplicação direta, auxilia na desinfecção e estimula a cicatrização.

⇒ Alterações vasculares – melhora a oxigenação e perfusão tecidual, com ação local de potencializar a irrigação de cada uma das nossas células, levando à elas os nutrientes e oligoelementos imprescindíveis ao bom metabolismo celular.

⇒ Lipodistrofias – o Oz.M tem a capacidade de oxidar lipídeos, em especial os de tecido subcutâneo, atuando de forma não tão enfática sobre a gordura visceral.

Além dos tratamentos descritos, a ozonioterapia tem se mostrado promissora como o mais potente agente anti aging em protocolos de rejuvenescimento de pele {especialmente no rosto, mãos e colo} e melhora da performance aos praticantes de diversas modalidades desportivas. Mesmo os “atletas de final de semana” podem se beneficiar com o Oz.M para reduzir os riscos de lesão, aumentar a disposição nos treinos {por grande estímulo à biogênese mitocondrial} e otimizar a qualidade do sono REM; é durante esse estágio de sono que o cérebro exercita conexões neuronais de ação direta ao bem estar e à saúde do corpo físico.  O uso do Oz.M {via oral} otimiza a suplementação Ortomolecular, aumentando a biodisponibilidade pincipalmente de aminoácidos e minerais, dando um UP na produção de ATP, o que resulta no incremento de energia muscular; e, modula o sistema antioxidante, gerando maior tolerância ao exercício. Já o uso tópico, acelera a eliminação de substâncias que provocam a fadiga e pode também reduzir o edema ao redor dos tecidos lesionados, além de promover efeito anestésico.

Ah, ainda no campo da cosmetologia, preciso falar sobre a ozonioterapia e seu impacto na queda capilar… ela atua localmente promovendo a revitalização do couro cabeludo e do folículo piloso. O eflúvio telógeno {a acentuada queda dos fios} pode estar associado à processos inflamatórios desencadeados por stress, alteração hormonal, disbiose, poluição ou químicas comumente utilizadas em salão de beleza. O Oz.M então é capaz de reduzir o processo inflamatório e promover a liberação dos canais que irrigam os folículos com nutrientes e oxigênio. Ele também otimiza a síntese de fatores de crescimento para renovação qualitativa dos fios, enquanto a alteração de base estiver sendo tratada.

O Oz.M deve ser aplicado em pontos biologicamente ativos do organismo, de acordo com os padrões indicados pela ABOZ – Associação Brasileira de Ozonioterapia.

A variação de concentração do gás, entre 1 e 100 mg/L → 0,05 – 5% O3 {relações entre 0.05% de ozônio e 99.95% de oxigênio a 5% de ozônio e 95% de oxigênio} é guiada pela finalidade terapêutica e pelo status metabólico e hormonal de cada pessoa.

As quantidades dosadas de Oz.M devem ser minuciosamente calculadas e controladas, em protocolos individuais ÚNICOS, podendo ser administradas pelas seguintes vias:

Endovenosa; com a autohemoterapia maior, na qual uma porção de sangue é colhido e tratado com o Oz.M, sendo reinserido na veia posteriormente. Neste caso, o Oz.M reage de imediato com os glóbulos vermelhos e leucócitos, além da interação no plasma, com resultados efetivos a curto prazo.

Intramuscular; através da autohemoterapia menor, na qual o sangue junto ao Oz.M é aplicado a nível muscular para perfusão no tecido.

Intra-articular.

Paravertebral.

Intra-discal.

Subcutânea; por meio da injeção de Oz.M sob a pele, tratando desordens crônicas no geral.

Oral; utilizando-se óleos e/ ou azeite ozonizados manipulados, de forma isolada {somente com o Oz.M} ou com bioativos sinérgicos, pela fascinante arte da Ortobiomolecular. Uma outra possibilidade à via oral se dá pelo uso de difusores de hidrozonoterapia, pedra difusora e/ ou ozonizador multifuncional doméstico, que têm a capacidade de perfusão de concentrações especificas de ozônio para purificação da água.

Tópica; com o uso do óleo e/ ou água ozonizada através de creme, gel, loção, shampoo, óvulos vaginais e supositório; além do banho e da sauna. Por essa via também pode-se administrar o gás em câmaras, expondo o local lesionado à vaporização do Oz.M

Direta em tumores.

Insuflação; retal e vaginal. Nessas vias sistêmicas, o Oz.M é aplicado e absorvido diretamente pela mucosa, com alta atividade imunomoduladora.

Gosto muito da via tópica para Cosmetologia e/ ou Nutricosmética, na qual associo alguns bioativos anti inflamatórios e antioxidantes sinérgicos ao Oz.M. Assim é possível oxidar prostaglandinas, corrigir o pH e resgatar o equilíbrio eletrolítico; estimular a produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico {elementos essenciais na estrutura de sustentação da derme} para então retardar os sinais do envelhecimento precoce e proporcionar RE.vitalização à pele.

A via oral também se faz bem presente em minha prática clínica, pois consigo agregar através da manipulação magistral, nutrientes e oligoelementos para contemplar outras necessidades orgânicas, reequilibrando o TODO e otimizando o tratamento. Nas demais vias de administração do Oz.M, não há tal possibilidade.

O monitoramento dos níveis de catalase, glutationa peroxidase e superoxido dismutase, além de outros antioxidantes endógenos, por meio de exames bioquímicos, é o ideal na avaliação de eficácia do tratamento. Cada uma dessas substâncias apresenta um nível ótimo de saturação e tal parâmetro vai então nortear a minha decisão sobre a necessidade ou não de alguns outros ciclos com o Oz.M.

Bem como qualquer outra esfera de domínio da Medicina Integrativa, a ozonioterapia deve ser realizada no âmbito da Individualidade Bioquímica & Metabólica, já que altas dosagens de Oz.M tem potencial para gerar danos à nível mitocondrial e até mesmo em vias da metilação de histonas, podendo tanto suprimir, quanto ativar determinados genes.

E apesar de baixo risco de lesão molecular e side effects, o Oz.M é contra indicado nos casos de:

⇒ Anemia e/ ou déficit nutricional de oligoelementos e ômegas.

⇒ Deficiência de G6PD {enzima glicose-6-fosfato desidrogenase} pois há risco de hemólise – destruição dos glóbulos vermelhos sanguíneos.

⇒ Hipertireoidismo, diabetes mellitus e hipertensão arterial severa; nesses casos é preciso estabilizar o quadro clínico antes de iniciar o ciclo com a ozonioterapia.

 

O Ozônio Medicinal é mais uma base de cuidado INTEGRATIVO da qual eu me orgulho em aplicar a quem me pede auxílio para o alcance da saúde radiante.

Costumo dizer que o Oz.M proporciona mais VIDA ao nosso templo e à nosso tempo!

 

Super recomendo a leitura de 3 bons livros sobre o tema:

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