As glândulas pituitária {ou hipófise} e pineal regulam grande parte de nossos processos hormonais. Elas são aquele pequeno centro de poder em nosso cérebro que Descartes definiu como a assento de nossa alma. Igualmente, este sofisticado laboratório químico medeia processos básicos como crescimento, maturidade sexual, temperatura corporal, descanso e relaxamento pleno, equilíbrio da tireoide e até nossas emoções, a um ritmo perfeito. Essas estruturas são o exemplo claro de como nosso sistema endócrino também influencia nosso comportamento e personalidade. De fato, o eixo em que essas glândulas estão inseridas, o eixo HPA {hipotalâmico pituitário adrenal} é o PLUG de conexão com o que está ao nosso redor e com nós mesmos e pode ser considerado um eixo psico neuro imuno endócrino.

O hipotálamo leva a glândula pituitária a liberar hormônios para o restante do sistema endócrino com o objetivo maior de manter a homeostase, ou seja, o equilíbrio químico do corpo.

Orquestrada pelo hipotálamo, a hipófise {também conhecida como a casa da inteligência} tem o volume de uma pequena noz, situando-se numa depressão óssea chamada de sela túrcica. A relação entre as duas estruturas se faz por intermédio dos fatores de liberação ou “releasing factors” secretados por células hipotalâmicas especializadas. Um aspecto fascinante da hipófise é a maneira como ela se conecta com o meio ambiente. Com base em todas as informações que recebe de nossos sentidos e do tálamo, a casa da inteligência libera uma série de hormônios com os quais podemos nos ajustar e reagir muito melhor às exigências do exterior. Ela facilita a conexão social e nos ajuda a reagir aos perigos; estimula a liberação de hormônios adrenais para que possamos GERENCIAR O STRESS.

Já a glândula pineal, localizada atrás e pouco acima da hipófise, exerce importante função cronobiológica pela percepção dos Zeitgeberen {que significa “marcador do tempo” em alemão} como temperatura, pressão, disponibilidade de alimentos, luz e escuridão| ciclos da noite e do dia, campos eletromagnéticos e eletrostáticos, sendo esses dois últimos a especialidade da pineal. Seu formato de árvore proporciona sua frequente associação à intuição. Por ser banhada em líquido cerebrospinal {LCR} altamente carregado e por ter mais fluxo sangüíneo por volume cúbico do que qualquer outro órgão, ela é considerada a glândula com maior concentração de energia no corpo; de uma fragilidade sem igual.

Além de suas altas concentrações de LCR e sangue, a glândula pineal também é a fonte dominante da majestosa melatonina …hormônio com inúmeras funções importantíssimas ao equilíbrio metabólico, como melhora da resposta imune, modulação endócrina, neuroproteção, inibição da aromatase, prevenção do encurtamento dos telômeros {atuando como agente antienvelhecimento} proteção ao DNA mitocondrial, ação anticarcinogênica {por inibir a angiogênese} antistress {já que suprime o cortisol} anti-inflamatória e antioxidante além de antidepressiva, regulação dos ciclos do sono, manutenção e restauração do ciclo dos receptores para hormônios anabólicos, bem como da responsividade dos mesmos e, prevenção à síndrome metabólica e ao Alzheimer. Sua produção é cíclica; ativada pela escuridão e inibida pela luz. Uma vez liberada, a melatonina circula pelo cérebro através do LCR e entra nos vasos sanguíneos próximos para distribuição à cada célula do corpo.

No momento em que transcendemos, através de qualquer que seja a prática contemplativa {pra mim funciona muito o running, o mindfulness, um fim de semana na serra, um bom romance, um tempinho reservado à gastronomia afetiva, dentre outros} a glândula pineal é estimulada para grande influxo orgânico de melatonina; razão pela qual defendo sempre que MENTE LEVE ELEVA A MENTE.

Na verdade, está tudo interconectado, e não se sabe ao certo o que vem primeiro, já que uma glândula pineal saudável também metaboliza outros compostos neuroquímicos que coordenam processos físicos e emocionais a nível celular. Esses compostos, que incluem a pinolina e o DMT {Di Metil Triptamina} têm a síntese facilitada pelo fato de a pineal possuir uma das maiores concentrações de serotonina no corpo, que por sua vez é um precursor crítico para eles. Tanto a pinolina quanto o DMT, tem ação psicoativa, causando mudanças na percepção, humor, consciência e cognição. O primeiro, ajuda na replicação do DNA e é dito que ressoa com o pulso da vida em 8 ciclos por segundo; já o segundo, é produzido na glândula pineal durante a meditação profunda e condições extraordinárias de nascimento, êxtase sexual, stress físico extremo e experiências de quase morte; também altera a consciência dos nossos sonhos quando é liberado na corrente sanguínea durante o sono REM – Rapid Eye Movement.

Como se não bastasse, a glândula pineal ativada também pode influenciar nossas experiências através da vibração. As vibrações rítmicas têm efeito poderoso em nossa cognição e emoções. Sabemos disso até intuitivamente, e a experimentamos de forma direta quando sentimos os efeitos que a música tem em nosso humor, memória e fisiologia. No início dos anos 80, o músico francês Fabien Maman pesquisou o efeito celular das vibrações sonoras, descobrindo que os sons podem destruir as células cancerosas e revigorar as saudáveis. O arrastamento de ritmo, também chamado de ressonância, acontece quando duas formas de onda começam a oscilar juntas exatamente na mesma proporção. É isso que acontece quando a hipófise se arrasta com a vibração pulsante da glândula pineal …e todo o nosso sistema pode funcionar de uma maneira mais harmoniosa.

Luz, vibração e… campos eletromagnéticos! Sim, a glândula pineal é ativada em parte devido à exposição a campos magnéticos. Inúmeros e relevantes estudos com pássaros, concluíram recentemente que a glândula monitora os campos magnéticos e auxilia o corpo a se orientar no espaço, agindo como um centro de navegação. Essa capacidade magnetoperceptiva também explica por que as tempestades geomagnéticas e o stress ambiental podem afetar o perfeito funcionamento da pineal, levando à alterações do ritmo circadiano e da secreção de melatonina.

E essa cascata hormonal, por sua vez, é também muito sensível ao estilo de vida! Assim, questões importantes como a alimentação e exposição à toxinas ambientais/ emocionais, devem ser consideradas para elegância da sinfonia que é o nosso corpo. Mudanças neurofisiológicas em consequência ao estilo de vida inadequado podem implicar em consideráveis alterações no eixo HPA, resultando em baixa produção de melatonina e dopamina, bem como de ocitocina e serotonina e alta secreção de cortisol e noradrenalina, o que leva ao stress metabólico e à inflamação crônica; pontos estes, iniciais ao desenvolvimento de inúmeras desordens orgânicas.

As nossas glândulas mestras nos sintonizam com o sistema solar e lunar, olha que incrível! Elas estão intimamente conectadas ao ciclo circadiano {ciclos de luz e escuridão} ao ritmo biológico, que desde SEMPRE foi governado em sintonia com a natureza; e precisa continuar seguindo assim, vencendo as adversidades do mundo pós globalizado, acelerado e hiperconectado!

Mas é também fato que, nosso sistema neuroendócrino, tem total relação com os “pensares” e “sentires” em nossas vidas, podendo influenciar de forma positiva ou negativa o nosso bem estar. Portanto, autoconhecimento e autoconsciência são, de fato, estratégias em nosso VIVER, imprescindíveis na escalada da evolução pessoal, sem as quais nossos talentos ficam um pouco mais difíceis de serem lapidados a nosso favor. É através do autoconhecimento e da autoconsciência que vamos alcançando, aos poucos, aquele tal BEM ESTAR BEM como costumo dizer; aquele VIVER PLENAMENTE com uma SAÚDE que transcenda a mera ausência de doença. Então… já pensou em romper com aqueles pensamentos contínuos e cristalizados que geram o automatismo, o hábito, o comodismo?!

Eis o resumo do que o stress, seja ele da natureza que for, gera em nossa cascata hormonal. Hormônios são produzidos como dominós; se alguma coisa acontece de errado no início, nenhuma das outras peças cairá da maneira esperada.

Será que não é mesmo, de extrema importância, mantermos nosso eixo #PsicoNeuroImunoEndócrino muito bem estruturado?

Por isso enfatizo, a cada consulta, a importância de verificarmos o equilíbrio desse sistema tão nobre, que quando em desequilíbrio pode tornar o caminho rumo aos objetivos de vida, um pouco tortuoso. Através de alguns exames bem específicos é possível detectar qualquer “unbalance” neuro hormonal e em associação com a clínica {quem lê meus artigos já sabe o que é “a clínica”, mas não custa lembrar… é a conversa inicial em que todos os detalhes de vida, TODOS mesmo, são por mim conhecidos} vou traçando estratégias que nos levem ao resgate da homeostase orgânica para então, em consequência, podermos resolver o restante. Geralmente esse “restante” é o que mais chama a atenção; é o que justamente a pessoa que me pede ajuda pretende mudar de forma efetiva, pois é o que se manifesta no corpo físico. Pois bem, se não olharmos para o desequilíbrio de base, e juntos resgatarmos a sinergia hormonal, essa efetividade é quase impossível de ser alcançada!

Independentemente de qualquer contexto, o querer viver mais e principalmente MELHOR, é o que impulsiona a todos neste novo perceber em relação à saúde. Então, se eu dispuser de novas possibilidades que me tragam à luz o que genuinamente precisa ser CUIDADO, o tratamento flui.

Que tenhamos um 2019 #InfinitamentePróspero em todos os sentidos!!!

 

One thought on “

  1. joao says:

    Em nosso dia a dia nao damos ou nem sabemos da importancia dessas fnçoes das glandulas
    descritas neste otimo artigo. Obrigado pelas divulgaçoes de conhecimentos que antigamente,
    ate pouco tempo, ficamvam somente com especialistas

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