O stress é um componente da vida moderna que está cada vez mais presente em nosso “modo de ser”. Ele ocorre quando surge a necessidade de uma grande adaptação à determinado evento de importância; quando o organismo precisa lidar com situações que exijam um grande esforço emocional para serem vencidas. Muitas vezes é um aliado na superação de desafios, mas cronicamente causa danos importantes à saúde física e mental, podendo se manifestar como fadiga, irritação, ansiedade… acarretando ainda dores de cabeça, perda de memória, alergias, hipertensão, tensões musculares, distúrbios de sono e alterações no ciclo circadiano.

Inúmeros são os desequilíbrios que ocorrem ao metabolismo, envolvendo diversos sistemas que deixam de cumprir suas funções originais com excelência. Mas de fato, a principal alteração orgânica é o declínio na função das glândulas adrenais. O que leva à produção inadequada de alguns hormônios, em especial o cortisol, dentre outros relacionados à fome, compulsão, equilíbrio hidroeletrolítico, mobilização de gordura, etc.

O stress é uma reação do organismo com componentes psicológicos, mentais e hormonais à situações geradoras de tensão: excesso de atribuições e pressão profissional, medo irracional, o modo negativo de pensar, o perfeccionismo, o querer ter controle sobre tudo ao nosso redor, querer que todos gostem ou admirem o que fazemos, o modo como interagimos com as pessoas, a pressão social imposta pelas mídias digitais e o consumo excessivo de informação. Componentes de origem bio-ecológica e física como ruído, poluição, temperatura e NUTRIÇÃO, bem como a imaginação e a antecipação podem agir como fatores estressantes, desencadeando as reações fisiológicas deletérias à saúde.

No passado, pensava-se que o stress se desenvolvia apenas em três fases: alerta, resistência e exaustão. Após 15 anos de pesquisas, a doutora Marilda Lipp identificou uma fase intermediária, chamada de fase de quase-exaustão, situada entre a fase da resistência e a fase da exaustão.

A fase de alerta é considerada a fase positiva do stress. O organismo produz adrenalina e cortisol, o que nos deixa cheio de energia e vigor. Libido alta, dificuldade de dormir, respiração mais ofegante que o normal e humor eufórico são algumas características desta fase.

Se a causa do stress é eliminada logo, voltamos ao nosso “normal” sem nenhum problema. Mas, se o stress continua presente por tempo indeterminado, chega-se à fase de resistência, em que automaticamente tentamos lidar com os fatores estressores de modo a manter a homeostase {equilíbrio interno} Muitos dos sintomas da fase de alerta desaparecem, dando lugar a uma sensação de desgaste e cansaço. Dificuldade de memória é algo comum nesse estágio do stress.

A terceira fase, a fase de quase-exaustão, é caracterizada pelo enfraquecimento do organismo como um todo, que não mais está conseguindo se adaptar ou resistir ao fator estressor. Nesta fase de quase-exaustão, o processo de adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração.

Embora apresentando desgaste e outros sintomas, nesse momento ainda conseguimos dar conta dos nossos papéis sociais, ao contrário do que ocorre em exaustão, quando nos paralisamos e, na maioria das vezes, não conseguimos mais trabalhar ou nos concentrar para qualquer outra função. Na fase de exaustão, a fase final do stress, podem ocorrer doenças graves, como enfarte do miocárdio, úlceras e psoríase, dentre outros. A depressão passa a fazer parte do quadro de sintomas do stress na fase de quase-exaustão e se prolonga na fase de exaustão.

Fato é, que não conseguimos passar pela vida sem viver situações de stress; então, o gerenciamento deste é de extrema importância. O ideal é aprender a lidar com a fase de alerta de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e SAIR deste estado. O organismo precisa “descansar” após uma permanência em alerta para que se recupere. Não há dano em entrar de novo em alerta após a recuperação. As doenças surgem sim se não há um período de recuperação, pois o organismo se exaure pelo stress excessivo.

As melhores estratégias para minimizar o stress concentram-se na alimentação, relaxamento, atividade física, estabilidade emocional e qualidade de vida! É importante buscar momentos de descanso, pois o relaxamento ajuda a eliminar o excesso de adrenalina e cortisol produzidos, restabelecendo a homeostase {equilíbrio interno} Tais estratégias estimulam o corpo a produzir uma substância chamada “beta-endorfina”, proporcionando maior sensação de tranquilidade e bem estar.

Dormir o suficiente e ter um sono de qualidade costuma ajudar na resolução de muitos problemas, já que ao dormir, o cérebro inicia sua função restaurativa, através de um incrível sistema de drenagem de resíduos denominado sistema glinfático, comandado por células da glia, para sua depuração. Além disso, o sono é crucial na capacidade em reconhecer sinais sociais e processar informações emocionais.

Ouvir música, dançar, ler um bom livro, perfumar o quarto, a casa…  ter contato com a natureza, comprar flores, dar aquele mergulho revigorante, degustar comidinhas que trazem conforto e boas lembranças, ter uma conversa descontraída com quem nos é agradável, podem e devem fazer parte do nosso leque de possibilidades para os momentos de stress relief.

O “estar presente”, meditando ou através de um hobby que ocupe 100% da nossa atenção, nos traz  o foco para o momento, evitando devaneios sobre “o que poderia ter sido” ou sobre as possibilidades do futuro, que costumam intensificar a ansiedade e o stress.

Retomar o controle da respiração, em qualquer situação, pode ajudar a acalmar a mente; bem como o controle das inseguranças pessoais. Encarar os possíveis eventos estressantes como uma oportunidade de impressionar alguém em nosso meio social ou network é uma boa opção; essa pressão pode nos ajudar a fazer um bom trabalho! É tudo uma questão de ponto de vista…

Aceitar o que não podemos mudar é também imprescindível para viver melhor! Algumas coisas são o que são, e lutar contra elas mentalmente só faz exacerbar a ansiedade e o stress. Há muito o que não podemos controlar, mas podemos escolher como lidar.

Manter uma atitude positiva perante a vida, procurando sempre ver o lado bom das diferentes situações, é postura básica para aliviar o stress!

Uma boa dica, e que funciona muito bem comigo, é ter um diário de registro; é de grande valia para a identificação dos fatores estressores, bem como a forma de lidar com eles. Cada vez que sentirmos o stress rondando, vale a pena anotar no diário. Esses registros nos permitem identificar os padrões e acontecimentos comuns que nos levam à zona de stress incapacitante. É importante registrar o que causa o stress {podemos arriscar um palpite se não tivermos total certeza}; como nos sentimos física e emocionalmente; como agimos em resposta e o que fazemos para ficarmos bem.

E então vamos refletindo sobre nossas estratégias, muitas vezes impensadas, para lidar com o stress. Elas são saudáveis ou prejudiciais? Adequadas ou sabotadoras?

Infelizmente, muitos de nós lidamos com o stress de uma forma que complica ainda mais a questão, reduzindo temporariamente o problema, mas causando mais danos do que benefícios, à médio e longo prazo. Atitudes como beber excessivamente; fumar; comer sem prestar atenção na saciedade e nas escolhas; permanecer horas a fio diante do computador ou televisão; afastar-se dos amigos, família e atividades de lazer; dormir muito ou dormir pouco; usar fortes medicamentos para relaxar; evitar a qualquer custo enfrentar os problemas, procrastinar; experimentar explosões de raiva, violência física ou crítica exacerbada, etc etc etc.

Enfim; se os métodos de lidar com o stress não estão contribuindo para melhorar a saúde física e emocional, é hora de encontrar formas mais saudáveis! Há muitos caminhos de prevenir e/ou gerir o stress sem entrar em situações conflitantes e prejudiciais. Todas elas requerem MUDANÇA. Podemos mudar a situação ou quando não, a nossa reação, sendo útil pensar nos seguintes aspectos: evitar, alterar, adaptar e aceitar.

Dado que cada um de nós tem uma resposta única para o stress, não existe apenas um método que sirva a todos ou a qualquer situação. Por isso devemos experimentar diferentes técnicas e estratégias para perceber qual melhor se ajusta, com o foco naquilo que nos faz sentir calmo e sob controle.

Em relação à estratégia de gerenciamento do stress a que melhor me cabe, vou agora falar um pouco sobre como a Nutrição Funcional & Ortomolecular pode ser muito bem vinda ao restabelecimento da nossa qualidade de vida. Vale a pena incluir os alimentos a seguir no dia a dia, já que exercem influência positiva em nosso comportamento emocional por ação nas principais vias neuroendócrinas.

 

  • Hortelã: essa erva aromática leva mais do que sabor aos pratos; possui propriedades digestivas e calmantes. Uma infusão com as folhas além de ajudar no processo de digestão ainda diminui a agitação e reduz a ansiedade.
  • Aveia: ajuda a aumentar os níveis de serotonina no cérebro, que é um hormônio responsável pela sensação de bem estar e controle do apetite. Ela oferece esse recurso de maneira natural, por ser fonte de vitamina B6 e magnésio.
  • Castanha do Pará: excelente fonte de vitaminas do complexo B, nutrientes indispensáveis para a produção de energia, ou seja, ajudam a combater o cansaço e a fadiga. Por ser rica em selênio, auxilia a tireóide na manutenção do metabolismo adequado.
  • Iogurte de Ovelha: estão presentes dois nutrientes que ajudam a acalmar e induzem ao relaxamento – triptofano {aminoácido indispensável à síntese de serotonina} e cálcio.
  • Couve, Rúcula e Agrião: contêm boa quantidade de magnésio, mineral importante para o relaxamento; e que está também envolvido na síntese de serotonina. Ainda oferecem vitaminas e bioativos importantes ao metabolismo, como vitamina C, vitamina E, betacaroteno e isotiocianatos. Portanto, aposte nessas verduras, que guardam uma grande variedade de nutrientes e favorecem a saúde como um todo.
  • Gergelim, Tofu e Quinua: oferecem boa concentração de cálcio, que junto ao magnésio auxilia nos processos de relaxamento muscular, prevenindo contraturas pelo excesso de tensão.
  • Lentilha e Grão de Bico: esses grãos possuem aminoácidos essenciais à condução adequada de impulsos nervosos, mantendo o bom funcionamento cerebral e evitando flutuações de humor.
  • Tâmara e Banana: frutinhas ricas em carboidratos “do bem”, que proporcionam aumento direto na síntese de serotonina, aquele hormônio que falei acima, responsável pela sensação de prazer. Ativa papilas gustativas específicas, disparando uma série de neurotransmissores que trazem o tal comfort!
  • Abacate e Sementes de Abóbora: alimentos essenciais ao sono reparador, pelo conteúdo em beta sitosterol, que aumenta a atividade das ondas alfa no cérebro, aumentando também dopamina, serotonina, glicina e níveis de GABA. Exerce ainda efeito neuroprotetor através da ação antagonista sobre os receptores de glutamato, promovendo o relaxamento ideal como indutor do sono.
  • Chocolate Amargo: com no mínimo 75% de cacau na composição, o chocolate dark é capaz de reduzir os níveis de cortisol secretado pela glândula supra renal, melhorando a sensação de bem estar e aumentando a concentração plasmática de flavonoides importantes à melhora da função cognitiva.
  • Chá Verde: o queridinho chá dos orientais ganha destaque no gerenciamento do stress devido às epigalocatequinas, que têm potente ação anti oxidante. O stress aumenta consideravelmente a demanda desses ativos, importante para combater os radicais livres gerados pelo desequilíbrio em tantas vias metabólicas.

 

Além desses alimentos e do chá verde, as substâncias adaptógenas são sempre muito bem vindas, já que ajudam na síndrome geral de adaptação, na produção de energia, na recuperação da fadiga, e nos demais sintomas do stress. Os principais fitoterápicos adaptógenos são:

 

  • Panax Ginseng
  • Magnolia Officinalis
  • Rhodiola Rosea
  • Ashwagandha
  • Licorice
  • Relora

 

Existem ainda, compostos BIOATIVOS coadjuvantes no gerenciamento do stress:

 

  • Ômega 3 e Ômega 9
  • Fosfatidilserina
  • Ativos Gabaérgicos, que modulam o neurotransmissor GABA
  • Probióticos e Prebióticos
  • Aminoácidos Noradrenérgicos, Adrenérgicos ou Dopaminérgicos

 

Todos esses nutracêuticos, fitoterápicos e bioativos podem ser prescritos de acordo com a avaliação clinica, bioquímica e de rastreamento metabólico inicial, em doses e posologia individualizada, como coadjuvantes no gerenciamento do stress e SIM, têm a capacidade em tornar vias metabólicas e hormonais mais suscetíveis ao resgate do equilíbrio e promoção da saúde física, mental e emocional.

O ponto fulcral da gestão de stress é o controle dos pensamentos, das emoções, da agenda, do ambiente, e da forma como enxergamos e lidamos com os problemas. O final é uma vida equilibrada, com tempo para o trabalho, relacionamentos, relaxamento e diversão, acrescentando uma boa dose de capacidade de resistência, persistência e resiliência frente as situações de pressão, para então transpor com sucesso os desafios em nossa jornada. Na verdade, a simples consciencialização de que temos O CONTROLE, quando queremos, é o alicerce da gestão do stress.

Ter domínio sobre a atenção permite levar a vida com mais consciência e maior poder de realização! … O que é essencial a qualquer um de nós!

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